MANIFESTO POR JUSTIÇA E PAZ (“CASO ANTÔNIO MARCOS”)
Nós, familiares e amigos de ANTÔNIO MARCOS ALVES DE OLIVEIRA, vimos através desta causa-denúncia, manifestar nosso repúdio à violência e denunciar o hediondo crime ocorrido no domingo, dia 22/08. O fato se deu nas imediações do estádio do Maracanã, pouco antes do jogo Vasco x Fluminense.
O caso, já amplamente divulgado, resultou no covarde e cruel espancamento e conseqüente morte do torcedor vascaíno supracitado, de 31 anos de idade. Marquinhos, como carinhosamente o chamávamos, era pai de uma criança de 11 anos. Por ironia do destino, ele havia saído de casa com o propósito de divulgar uma campanha pela PAZ e o respeito entre as torcidas, sendo um dos organizadores de tal movimento.
Antônio Marcos foi vítima de golpes generalizados em sua cabeça, que resultaram na fratura de todos os seus ossos da face e do crânio. Pode-se concluir que tal ação covarde e selvagem contou com requintes de sadismo e crueldade tamanhos, a ponto de causar espanto e perplexidade aos médicos que o atenderam. Os laudos clínicos realizados demonstraram a cruel intenção de seu assassinato, pois os golpes foram todos direcionados à cabeça, atingindo áreas letais. Seu falecimento se deu apenas dois dias após a agressão. Quando do anúncio de sua morte cerebral, a família autorizou a doação de seus órgãos, com o conforto de que sua vida, de alguma forma, permanecerá em outros.
Marquinhos era um jovem carinhoso, sempre alegre e demonstrando amizade e doçura para com todos os que o cercavam. Era um ótimo pai e queridíssimo por todos os seus familiares e amigos. Em seu trágico sepultamento pudemos sentir o quanto era carismático, emblemático e estimado por todos da torcida vascaína. Compareceram cerca de 150 pessoas em sua despedida, com tocante e pungente emoção e indignação diante deste bárbaro crime.
Constatamos, diante do ocorrido, que o propalado “Estatuto de Defesa do Torcedor”, é mais uma lei apenas no papel. Não funcionou em um domingo de estádio lotado. Reza a Lei 10.671/0 que “Os Clubes e Entidades são responsáveis pela segurança dos torcedores antes, durante e após as partidas. Devem providenciar policiamento e demais serviços de apoio necessários, bem como implementar planos de ação referentes à segurança...”
Antônio Marcos, arrancado à força de nosso convívio, foi a primeira vítima fatal após o sancionamento da citada Lei. Quantas vítimas de torcedores vândalos ainda teremos? E onde estava o policiamento no momento da agressão?
Nós, seus familiares, até o momento, não recebemos nenhum tipo de assistência assegurada pela Lei. A conta de R$ 61.446,99, referentes a sua estada no hospital, para onde foi levado já em coma por policiais militares, bate à nossa porta. Nenhum contato de dirigentes dos clubes ou da CBF foi feito para o pagamento de tal conta, já que a Lei supracitada direciona a estas entidades a responsabilidade em casos como este.
Não podemos cruzar os braços, nem nos calarmos diante deste crime e de todos os absurdos que o envolvem. Estamos indignados e exigimos JUSTIÇA! Diante da Lei, cabe severa punição para os criminosos, para que as torcidas selvagens não fiquem na impunidade. Não podemos permitir que seja tirada a vida de “outros Marquinhos”.
Que Antônio Marcos sirva de bandeira na luta por um futebol de alegria e arte, voltando a ser um esporte de PAZ!
“Quem cala sobre teu corpo, consente na tua morte. Quem grita vive contigo” (M. Nascimento/ R. Bastos).
Familiares e amigos de Antônio Marcos Alves de Oliveira.
Ago/set. 2010.
Apoio a iniciativa de protesto! Essa brutalidade deve ser contida! A própria mídia incentiva a rivalidade entre torcidas e depois classifica todos os torcedores como vândalos, vagabundos, tornando as vítimas dessa rivalidade exacerbada "responsáveis" por mais uma vida perdida.
ResponderExcluirO discurso é sempre o mesmo: "temos indícios que eles marcavam essas brigas pela internet, ou existe passagem dele (a vítima) pela polícia por agressão" quando deveriam estar preocupados com o porque de tanta violência ou marcar o horror de atitudes irracionais de matar cruelmente uma pessoa sem a possibilidade de defesa. Até quando, essas atitudes ficarão impunes? Temos de lutar para que a violência não venda tantos jornais e a sua banalização não seja algo natural.
Força Carol!! Continuem na luta, ela não será em vão!!!
É isso aí Amandinha!!! Vamos lutar por justiça!
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